A possibilidade de demarcação da área indígena em Presidente Figueiredo, região metropolitana de Manaus, tem preocupado os agricultores de dezenas de comunidades rurais ao longo da BR 174 e AM 240, estrada de Balbina.
A Justiça Federal no Amazonas determinou que a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai), concluam o processo de revisão dos limites da Terra Indígena Waimiri entre os estados do Amazonas e Roraima.
O problema é que nas comunidades rurais de Presidente Figueiredo, há muitos anos, os produtores que hoje moram nas propriedades, estão tirando da terra o sustento de suas famílias.
Jabis da Silva de Brito mora há anos na comunidade água azul, localizada no quilometro 159 da BR 174. Com a notícia da demarcação da área, agora o agricultor, teme perder sua propriedade. “Sou agricultor e preciso da área de terra para plantar, mora aqui a mais de 10 anos, tudo que eu tenho hoje aqui na minha propriedade foi com a plantação de roça, verduras e outras variedades. Tudo isso foi uma dedicação de anos de trabalho da minha família. Hoje temos um bom acesso para escoar a produção, e depois de todo o sofrimento que tivemos aqui, hoje vem esta notícia de que podemos perder a nossa terra”, comentou Jabis.
O agricultor Nelson Salustiano, tem na agricultura a renda familiar e também está preocupado com a situação. “A gente está aqui há muito tempo e tem projeto futuro. Não fomos pegos de surpresa, por que uma vez por semana vou nas secretarias da prefeitura e converso com as autoridades. Todos os agricultores estão preocupados com esta notícia de demarcação, se chegarmos a perder a nossa terra, onde vamos morar, onde vamos plantar para sustentar nossa família”, disse o agricultor.
Para entender um pouco do problema, dezenas de presidentes de comunidades rurais, se reuniram com as autoridades do município, para saber o que vem realmente está acontecendo. Os presidentes solicitaram do chefe do poder executivo e do legislativo, que eles realizem uma audiência pública na cidade para tentar rever esta situação.
O chefe do poder executivo e os vereadores presentes na reunião, falaram que levaram ao conhecimento da Assembleia Legislativa para somar forças através de uma audiência pública, convidando as Instituições Federais e Estaduais com a intenção de esclarecer sobre o problema da demarcação da área, em data a ser confirmada.Segundo o geólogo Fred Cruz, a área hoje ocupada pela etnia dos waimiri atroari, dar entender na decisão que deveria englobar as áreas configuradas nos 150 lotes de 3. 000 hectares que foram doados aos paulistas, num total de 4.500 hectares, e que ocupam cerca de 30% do Município, que delimita desde a Comunidade Boa Esperança até o km 200, igarapés Santo Antônio do Abonari, e não apenas a área alagada em decorrência da construção da UHE de Balbina, atual área de Utilidade pública da UHE de Balbina. “O que temos que fazer de imediato é uma ampla mobilização no Município para que seja aprovado uma ação popular envolvendo todos os atores que por ventura sejam prejudicados. O caso é sério, precisamos correr contra o tempo para assim podermos determinar a revogação da decisão junto a própria Corte do TRF AM ou ao STF ou STJ”, relatou Fred Cruz.
Por: Francisco Carioca
Fotos: André Amazonas