As novas mensagens do Telegram de Deltan Dallagnol publicadas nesta sexta-feira pelo site The Intercept Brasil e pela revista Veja dão robustez às evidências de que Moro cruzou a linha da imparcialidade, saiu da posição de magistrado e passou a jogar num dos lados. Diante das mensagens, só tem restado a Moro e a Deltan Dallagnol se apegarem ao discurso de que o material não é autêntico — o que poderia checado ou rebatido se o procurador entregasse seu celular para a perícia da Polícia Federal.
Na Câmara nesta semana, Moro repetiu a estratégia que adotou desde o Senado, duas semanas antes: colocou-se como vítima do ataque do hacker, disse não ter como assegurar a autenticidade das mensagens, negou que tenha atuado parcialmente com o MP e afirmou que o vazamento das mensagens teria o objetivo de anular as condenações da Lava Jato.
Mas, quando perguntado pelo líder da oposição, Alessandro Molon, sobre uma mensagem sequer que ele pudesse assegurar não ser verdadeira, o ministro da Justiça não respondeu.
Sergio Moro Foto: EVARISTO SA / AFPNão conseguiu apontar umazinha, cuja veracidade ele pudesse contestar objetivamente, fugindo da generalidade.
Dallagnol mantém a versão de que desativou sua conta no Telegram, e que as mensagens foram também apagadas. Portanto, na convicção de Dallagnol (ele gosta de convicções), seu aparelho de celular não contribuiria para a elucidação do caso.
Ao negar entregar seu celular, entretanto, Dallagnol impede que a PF cheque como se deu o ataque e eventualmente tente recuperar as mensagens.
Dentro da Polícia Federal, diversos policiais — da perícia inclusive — continuam dizendo que analisar o aparelho seria fundamental para as investigações. Publicamente, esta não será uma batalha que ninguém na PF vai comprar.
Praticamente toda a cúpula atual da PF veio de Curitiba, além de a corporação ser submetida a um ministro que não só está no centro do caso, como tem interesse de que Dallagnol não entregue seu aparelho.